domingo, 30 de setembro de 2012


Eu hoje joguei tanta coisa fora e vi o meu passado passar por mim. Cartas e fotografias, gente que foi embora. A casa fica bem melhor assim. O céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu. Relendo os teus bilhetes eu penso no que fiz. Querendo ver o mais distante e sem saber voar. Desprezando as asas que você me deu.
(Herbert Vianna e Tet Tillett)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Dezessete e meio

"Uma pedra no meio do caminho ou apenas um rastro, não importa." (Carlos Drummond de Andrade)
Sinto-me hoje exatamente no meio do caminho. E talvez haja também uma pedra, como disse Drummond. Hoje eu gostaria de me sentir mais preparada para enfrentar as faltas. Os erros e, porque não, as alegrias. Pois, a parte do trajeto que já foi percorrido me trouxe indagações, questionamentos, muitos risos e algumas lágrimas. Eu esperei também. Esperei até mais do que deveria. Entretanto, agora eu tento pensar que a espera não será em vão.
Aos dezessete e meio eu gostaria de sentir mais orgulho de mim mesma. Eu gostaria de agradecer a todos que amo e, principalmente, os que me ensinaram a ser mais madura, a ser mais coerente com o que eu desejo. E pensando bem, revendo meus conceitos e aprendizados dos últimos dias,  vi que sinto, sim, muito orgulho do que sou. Orgulho de ir atrás do que sonhei a anos atrás, de respeitar minha família e tê-la como a base de todos os meus objetivos. Orgulho das amizades que construí ao longo da estrada. Estrada essa que pode ser muito traiçoeira, que me fez fraquejar algumas vezes e que contém pedras com as quais me machuquei. Porém, se tudo isso não houvesse acontecido, o meu itinerário não seria tão cheio de emoções. E disso, não há dúvidas. Eu vivi emoções.
E agora, escrevendo estas palavras, para comemorar sozinha o caminho que já tracei pela vida, vejo o quanto tudo pode ser bom mesmo quando o caos parece predominar. Vejo que é necessário agradecer pela vida, pelo trabalho, pela oportunidade, pelos abraços e pela fortaleza que estou tentando me tornar.
Espero ler essas palavras aos dezoito e ver que a outra metade do caminho foi seguida com muito mais alegria, com muito mais amor e com menos lágrimas. Ver que a outra metade do caminho foi incrivelmente feliz, incrivelmente válida e inteira. E que eu possa me orgulhar, tanto quanto me orgulho hoje, de ser quem sou. Ou pelo menos, daquela que tento ser.

domingo, 9 de setembro de 2012

Você não veio

Você não veio. Eu arrumei os cabelos, a casa e o coração para ser sua. Um pouco mais do que talvez já fui. Eu queria você nesta tarde. Junto comigo, no sofá, na cama. Em qualquer lugar que eu pudesse fazer você sorrir. 
Você não veio. E minha cama ficou do mesmo jeito, o meu vestido está igual a quando eu o vesti. Meu batom está intocado em minha boca porque simplesmente você não estava aqui. 
Você não veio. E eu me chamei de burra, eu tentei entender o que eu tanto faço de errado. Eu fiquei com raiva de você e quis até chorar. Eu não entendo. E sempre acabo fazendo exatamente o contrário do que todos aconselham. Eu sempre espero você. E muitas vezes o que recebo em troca é o vazio e o silencio da casa que deveria ser substituído pela sua voz, pelo seu sussurro, pelo seu cheiro, pela sua mão, pela minha voz pedindo o seu amor.
Então, saiba amor, que eu não gostaria de escrever este texto. Eu só queria um abraço seu. Ou sei lá, que pelo menos você estivesse aqui. Mas você não veio. Fez questão de me dar a solidão como companhia. E hoje, amor, sinto dizer, você não me fez feliz.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

"Chega a ser engraçado o modo como me vejo dependente. Dependente de carinho, de atenção. Em você talvez eu tenha encontrado o refúgio perfeito para tudo que sempre quis. Agora, só necessito aprender a dosar os sentimentos de forma correta. Eu sempre me perco fácil demais em meio ao amor."

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Terça-Feira

As pessoas tendem a recomeçar nas segundas-feiras. Talvez achem que assim, estarão realmente começando algo novo, livre de erros e desistências passadas. Hoje, vou tentar tudo diferente. Vou recomeçar em plena terça-feira, sem muito dinheiro no bolso mas com muito, muito amor no coração e uma fé de que desta vez, tudo vai ser bem diferente. Realmente diferente de tudo que já aconteceu.
Os últimos meses foram de emoções tão distintas, tão opostas, que nem sei como tudo coube dentro de minha cabeça. Não sei como estes sentimentos couberam dentro de meu coração. Hoje eu estou tentando enxergar tudo que aconteceu com muita calma para que nada desande outra vez. Sim, eu estou tentando. Mas agora há algo muito maior que está comigo. Acredite, eu me sinto verdadeiramente mais forte. 
Acho que me apaixonei tantas vezes nos últimos meses, senti tanta saudade e me entreguei. Isso também é verdadeiro. Ainda não sei se foi certo, mais eu estava tentando escapar de algo que dói muito mais. É uma pena que essas fugas nem sempre estajam na direção correta. Porém, é quase sempre assim: vamos tentando acertar o caminho. 
Eu vivi demais. Muito, muito mais do que você pensa. E isso gerou dentro de mim uma certa angustia, um certo receio. Mas hoje não é dia de sentir mais isso. Não é dia de sentir remorso ou nenhum desses sentimentos parecidos. Hoje eu estou muito cheia de esperança para lembrar de erros passados. Aliás, são passado. E a partir do meio dia desta terça-feira, eu decidi viver o presente. Esta dádiva do Pai para mim. E vou pedir muito para que todos os dias eu tenha esse pensamento assim que acordar. O pensamento do viver o presente, de vivê-lo em verdade. Porque vivendo todos os dias com amor eu construirei um lindo futuro, mesmo sem sentir. 
Este não é um dos meus textos mais bonitos, não tem palavras de "amor" para o fulano que quebrou meu coração, não tem palavras de raiva pelo mundo que tantas vezes me feriu. Mas, com certeza, esse é um dos meus textos mais sinceros, feito com um coração que hoje foi limpo com lágrimas. Lágrimas que Alguém enxugou em meio ao silêncio do quarto ou da zuada do caminho. E as levou, para o baú onde coleciona as lágrimas daqueles que choram de verdade, que choram pedindo auxilio. 
Escrevo estas palavras com os olhos limpos, com o coração pulsando calmo dentro do peito, com um agradecimento nos olhos e com energia renovada nos dedos. Renovada para escrever minhas novas alegrias, para acariciar os sentimentos bons, para cuidar de quem eu amo. 
Enfim, uma dor parece ter passado. Algo curou minha alma. E eu vou seguir em frente e buscar uma fé que jamais pensei sentir. Daqui há um tempo eu espero lembrar deste dia com muita clareza e lembrar que ele foi o recomeço, em plana terça-feira. Um recomeço bonito para um coração mais leve e feliz.