domingo, 11 de dezembro de 2022

Pausa

Fiz uma pausa. 

E então...

Tive um encontro comigo. Nas manhãs de ócio olhei para mim mesma como há muito tempo não olhava. Conversei comigo, me questionei algumas coisas, refleti sobre meus pensamentos, meus sentimentos, meus sonhos e minhas escolhas.

Me despedi de alguém que amava muito. Revivi memórias repletas de afeto, pensei sobre descendência, sobre ancestralidade, sobre minhas raízes. Disse adeus a uma parte da minha família, adeus nesse mundo, nessa vida, e, então, percebi como é forte em mim a parte que é construída pelos que amo.

Fui aluna. Li, me dediquei, me lembrei dos meus anos de escola. Estudei no meu mundo, em silêncio, com minha organização. Aprendi algumas tantas coisas para levar comigo... Sempre.

Estive com novos e velhos amigos. E então tive a clara e simples constatação: como é bom tê-los, como é bom dividir um pequeno momento que seja, como isso me revigora.

Li. Sobre a história de um garoto que se apaixonou, como eu já me apaixonei um dia.

Escutei músicas. Muitas, várias... Que dizem tanto, tanto... Músicas que me ajudaram a me encontrar e me entender, que contaram uma parte da minha história para mim mesma. Cantei algumas a plenos pulmões para poder dizer: sim, estou vivendo!

Além de tudo isso, eu ainda...

Contemplei a natureza; meditei; cozinhei; ri até a barriga doer; arrumei minha casa; partilhei tempo com os "meus meninos"; assisti filmes; fui a um show, fui a um lugar que nunca estive antes; e...

Escrevi! Reencontrei nas palavras um tanto de mim. Escrever agora tem uma nova forma, mas nunca deixou de ser palavra, ideia, que sai da mente para os dedos e preenche um vazio, um lugar, um mundo... o meu mundo. 

E assim, na pausa...

Me vi serena, vivendo, me entendendo, me encantando com o mundo, me conectando a Algo maior, me conhecendo, me cuidando, me amando, me fortalecendo. Me vi... E foi incrível. 


(Texto escrito em Outubro de 2022, após um mês de férias)

sábado, 10 de dezembro de 2022

Ainda

Eu ainda posso sonhar? Um pouco pelo menos... Sei lá. Às vezes parece que duas vivem em mim. Uma centrada, com responsabilidades, projetos, prazos, cargo, poder, dinheiro. Outra querendo um pouco mais de sentimento, de leveza, lembrando uma adolescente que escuta música no Youtube e lê a letra da música num site, que descobre músicas novas e escuta músicas velhas, que canta, que escreve, que lê, que chora quando sente vontade... Outra que tem um monte de sensibilidade, que ri com os olhos, que não lida com problemas tão grandes assim. 27. Eu ainda posso ser como a segunda? Eu ainda posso querer mudar o cabelo, a cor que pinto as unhas, as músicas que escuto, os lugares que vou...? Eu ainda posso querer um tempo só comigo, pra olhar meus papéis com calma, olhar pra minha vida e imaginar alguma coisa? Eu preciso decidir tantas coisas mesmo? As coisas precisam ser tão sérias assim? Eu tenho mudado tanto, tanto... Eu tenho tentado me construir, tenho tentado fazer isso com a serenidade de Peixes que às vezes me falta. Hoje eu ouvi "In the atmosphere", "Need you now", "Stay". Mas hoje, nesse mesmo dia, eu também descobri "Caixa Postal" de Anavitória e Lagum. Hoje eu fiz coisas importantes, tomei decisões, fui como a primeira. E também parei um tempo comigo, escrevi, ouvi música, fui mais leve. Talvez, assim, devagarinho, eu consiga ainda coexistir em mim.